23 de novembro de 2010

Entre a espada e a parede

A hora mudou para o cedo se fazer tarde. É o tempo das castanhas no lume, que o meu nariz persegue na rua com prazer.  A chuva molha-me as botas a caminho do trabalho, mas o que eu queria mesmo era chapinhar nas poças e ficar a olhar para as gotas que caem, com a boca aberta, à espera de matar uma sede qualquer. O verão passou tão depressa, tão depressa que eu já não sei ler nem escrever. Há outra vez uns braços que vêm mas que em breve partirão e eu para aqui sempre a olhar para o meu próprio ventre e a pensar de onde veio esta cicatriz redondinha e como dar-lhe a volta por fora sem torcer o pescoço. Quero saber o sabor dos dias e das noites sem sobressaltos como quando era só eu e a chuva. Tenho saudades e nem sei de quê.

1 comentário:

Anónimo disse...

cicatriz redondinha ... nham... ai, ai, ai! tu vê lá as voltas desse pescoço atrevido... olha a maçã e essas histórias... gata curiosa... o fergus conta-te tudo!