24 de novembro de 2008

REAGIR

Hoje dormi três horas e acordei com a cabeça a rebentar e os ouvidos a apitar. Cumpri os meus rituais e saí para trabalhar. Na confusão do autocarro um homem empurrou o seu corpo contra o meu durante uma boa parte do percurso olhando-me com um ar nojento, sem que eu pudesse evitá-lo. Limitei-me a lançar-lhe num olhar toda a raiva que consegui. Passei o dia a arrastar-me como uma lesma deprimida no escritório e a rogar pragas a todas as pessoas que se cruzaram no meu caminho. Chega. Tenho de levantar o nariz e deixar de ter muita peninha de mim. A próxima vez que um homem nojento se colar a mim no autocarro vai ouvir das boas ou experimentar a firmeza do meu cotovelo. Ai vai, vai!

18 de novembro de 2008

Cabeça nas mãos



















Assim sofro pelo amor perdido

O desgosto fez-me perder metade do cabelo.


Vou pô-lo aos caracóis e arranjá-lo,
Pronta para o que der e vier...


in Poemas de Amor do Antigo Egipto

14 de novembro de 2008

8 de novembro de 2008

Not so funny games











Jogo um jogo para o qual não fui convidada e do qual não conheço as regras. Vou percebendo aos poucos o que fazer, quase por instinto, como se tacteasse um caminho na escuridão. O que mais me incomoda é jogar este jogo com alguém e sentir que é essa pessoa que dita as regras. Chateia-me porque sempre achei mais confortável fazer as coisas à minha maneira. Sabendo que se cair e esfolar um joelho ou partir a cabeça, não tenho de culpar ninguém. A responsabilidade da minha dor é exclusivamente minha.

Para algumas pessoas, culpar alguém pelas suas dores talvez possa minimizá-las um pouco. Isso é provavelmente instintivo, também, e não tem nenhum tipo de maldade subjacente. Tem antes um pouco de fé, pois se culparmos alguém ou alguma coisa isso faz de nós seres puros e inocentes, vítimas de um destino superior, do acaso ou simplesmente da nossa natureza e assim, desresponsabiliza-nos um pouco pelos nossos actos.

Eu prefiro acreditar que posso assumir a responsabilidade dos meus actos e das consequências negativas que eles possam ter. Prefiro pensar que dependem das minhas escolhas e decisões e que ser responsável por eles, bons ou maus, sem moralismos nem dramas, faz de mim um ser mais íntegro, mais coerente.

Sei que tudo isto pode não passar de uma ilusão que me imponho para acreditar que consigo coisas. Que consigo ir mais além neste curto espaço de tempo que temos para fazer um caminho. Sei que posso fazer-me acreditar no que eu quiser, quando eu quiser, mas que isso pode nunca mudar nada ou, simplesmente, não chegar a tempo.

Mas sei-o.

É por isso que me chateia jogar este jogo para o qual não fui convidada. Porque não sei o que é, como funciona, que hipóteses tenho de ganhar ou perder, e muito menos o quê.