Fiz uma pequena grande viagem de três dias ao redor de momentos em que me encontrei como nunca me lembro de me ter encontrado. Demoro agora mais tempo a perceber coisas que sinto. Sei que o poder de me abrir ao mundo é meu mas não me sinto já dona do meu destino por saber que me posso espalhar por aí como a chuva num pequeno Inverno viajante. Alguém me dá a mão e me guia os passos trémulos até ao cimo das nuvens. Se não fosse essa mão e essa voz, nunca teria coragem de procurar coisas tão belas e tão grandes e que coubessem assim numa mãozinha fechada de horas. Sei-lhe agora melhor o olhar triste, adivinho-lhe os espinhos na alma, as dúvidas, as horas difíceis. Dentro do meu peito, volto a agradecer-lhe. Desta vez com muito mais certezas acerca de muito mais coisas e, sobretudo, de mim. Com a cabeça encostada à janela de um avião, olho para baixo e vejo montanhas cobertas de neve, campos verdes, árvores, lagos, algumas nuvens. De repente, percebo que já não tenho medo de me ir embora. Que a viagem maior de todas vale a pena por haver montanhas cobertas de neve e campos e árvores e lagos. Nada disto pode estar aqui por acaso. Eu não posso estar aqui por acaso. As palavras que aprendo e que me guiam não posso tê-las ouvido por acaso. Aprendo que a verdadeira felicidade não está no que tiro dos outros mas de mim própria. Sinto-me a crescer por dentro como a massa do pão que a minha avó benzia em cruz antes de por a levedar.
26 de novembro de 2009
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2 comentários:
gostei muito deste texto, que li varias vezes. Acho que poderia relê-lo muitas mais. :)
Beijinhos
Obrigada! Um beijinho muito grande para ti, querida.
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