Sempre que ando de transportes públicos e vejo alguém a ler um livro faço os possíveis para tentar ver que livro está a pessoa a ler. Quase sempre são os livros da moda, os best sellers ou, à moda do Alexandre O’Neill, as bestas céleres. Há uns tempos era o Código da Vinci e outros derivados do Dan Brown, depois veio a febre do Equador do Sousa Tavares, agora são os romances pseudo históricos do José Rodrigues dos Santos e outros sucessos de prateleira. Nunca ninguém me surpreendeu com um William Faulkner ou uma Marguerite Yourcenar ou um Samuel Beckett ou um Herberto Helder ou um Philip Roth... Onde andarão as pessoas que lêem esses livros? Vão todas de carro para o trabalho? Ficam em casa a devorá-los sem conseguir parar para saír? Gostam tanto deles que não os metem na mala para não dobrar os cantos nem sujar a capa? Há sempre aquelas capinhas de papel de fotocópia improvisadas que algumas pessoas colocam para não sujar o livro ou para não mostrarem o que andam a ler. Esses ainda me aguçam mais a curiosidade! Estico o pescoço e semicerro os olhos no esforço míope de tentar ler as letrinhas do topo da página com o nome do livro ou do escritor. Às vezes as pessoas apercebem-se que estou a espreitar-lhes por cima dos ombros e mostram-se incomodadas. É chato, é verdade. Mas não resisto. E não me parece que seja motivo suficiente para matar o gato, por isso, vou espreitando.
2 de março de 2009
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3 comentários:
eu cá ando de metro e apanho umas quantas surpresas literárias. no outro dia Antonin Artaud numa edição de poche, daquelas bem escrevinhadas e sublinhadas, com páginas dobradas. Um mimo! Mas desconfio que era turista!!
beijinhos da cati
eu também tenho a mania de tentar perceber o que os outros estão a ler... e também percebo que por vezes posso incomodar com isso!! As pessoas sentem-se observadas!
Enfim, azar!!! Às vezes é impossível resistir e então quando aparece a capinha de papel... lá vem o olho semi cerrado para tentar perceber!!!
eu andava com o "os passos em volta", o meu Herberto Helder de referência, comigo :-)
e numa outra série de dias andei com o calhamaço "vivê-la para contá-la", um mimo
ah, e também andei com o "the last lecture", Randy Pausch, recomendo
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