19 de agosto de 2008







Os dias para ele são sempre cinzentos.

E eu ainda me queixo dos meus!

18 de agosto de 2008

Sonho de uma noite de Verão


Nem sempre podemos fazer as coisas quando queremos e como queremos. O que acontece normalmente é que fazemos planos, para as coisas correrem sempre de forma absolutamente diferente do que planeámos. O meu último fim de semana é a prova irrefutável de que o dia 15 de Agosto é o pior dia do ano inteiro, pelo menos na península ibérica, para tentar planear sair de casa, seja para onde for.
A ideia começou por fazer sentido porque é Verão, porque eu e o Zé gostamos de ir à praia, de acampar, de passar alguns dias num sítio longe de Lisboa, do trânsito, do computador, da playstation e dos programinhas da TV. Parecia perfeito imaginar-me num canto qualquer com uma pequena tenda e uma rede, à sombra de uma árvore a ler um livro ou simplesmente a dormitar ao som do vento e do canto dos pássaros. E assim, uma pequena tenda, uma rede, umas mantas para por no chão e alguma roupa são metidos num carro para zarpar rumo à costa vicentina, com um camping como destino. Para ajudar, o Zé decidiu estrear o GPS e contámos com um simpático clone da Conceição Lino a dizer-nos para virar à esquerda ou à direita, sem termos de andar às voltas com um mapa gigante que eu tenho sempre dificuldade em voltar a dobrar da mesma maneira.
Chegados ao camping, percebemos que não ia haver espaço para tranquilidades porque meio Portugal e mais um ou dois quintos de Espanha decidiram enfiar-se em tendas nos metros quadrados mais próximos da nossa costa. Camping um, camping dois, camping três, enfim... Muitas tentativas e muitas centenas de quilómetros depois, eis-nos a aterrar em Sesimbra, no meio da noite, para nos enfiarmos num pequeno iglo entre vizinhos com graves problemas respiratórios que me impediram de pregar olho a noite inteira. Tudo junto só podia melhorar ainda mais com uma bela reviravolta do clima que nos presenteou com umas gordas nuvens cinzentas por cima da cabeça, a descarregar um pouco da sua ira molhada sobre o que restava do projecto de fim de semana e do pequeno sonho de Verão. Ainda tentámos tomar o pequeno almoço e descemos a encosta rumo ao bar, passando pela ala das famílias que levam tudo o que possa haver em lona ou plástico e montam as suas vivendas de férias em dois metros quadrados, mas a chuva molhou-nos o café e, assim sendo, desistimos.
Dissemos adeus ao fumo das sardinhas, à chuva na praia, às tendas, aos estóicos campistas que ficaram para trás na fila para o duche quente com os chinelos na mão, na fila para a casa de banho, na fila para o pão, na fila para o café, na fila para entrar ou para sair e regressámos a casa, à nossa cama confortável, ao nosso sofá e à TV e ao computador e à internet e à Playstation e passámos o resto do fim de semana tranquilamente enroscados em lençóis lavados a cheirar a amaciador. (O nosso gato agradece a nossa companhia a todas as famílias que decidiram acampar este fim de semana!).

10 de agosto de 2008

Nostalgias


Falta-me tempo dentro da alma, por isso não tenho calma. Sufocam-me os dedos dos outros por entre os meus dias vazios e já não consigo escolher desenrolá-los do meu pescoço. Quem me dera que os dias e as noites voltassem a ser só isso mesmo e os cheiros das coisas andassem de novo no ar. Subir a um banco e espreitar à janela as cores que passam na rua. Outra vez as nuvens, o mar, o pão e sabê-los de cor no meu peito e na minha língua e desmontar problemas e correr sem apanhar ninguém.
Para quando o final destas dores de regressar, destas ânsias de procurar-me onde me perdi? Espero sentada à luz de um candeeiro que as chuvas regressem à minha cidade para percorrer as suas infinitas ruas debaixo do avassalador cinzento do Inverno porque já não sei distinguir o Verão no meio das coisas todas que me pedem para fazer.