28 de dezembro de 2010
Esforço optimista
Sou uma barata de pernas para o ar a espernar, a espernear, como o outro. Se fosse uma borboleta queimava as asas numa lâmpada qualquer. Mas ficar para aqui assim é morrer de fome e de frio e cansar-me um dia de espernear e ir-me embora sem ter visto a luz de perto, nem que por um segundo. Bom era ser cavalo a correr na pradaria, musculado, forte. Mas dizem que se houver um desastre nuclear os cavalos morrem e as baratas não. Não se pode ter tudo. Eu nunca fui muito de correr, mas vou-me aguentando à bronca. Se espernear muito, com muita força, pode ser que me endireite. Ou que apareça alguém que me dê uma mãozinha. É preciso ter esperança.
Ladainha
Ai quem me dera não viver fora do tempo, entre o passado e o futuro, entre as nostalgias e os sonhos. Quem me dera que os meus pés corressem na estrada, na terra, na erva, na areia, na neve, na lama do chão. Quem me dera ser alegre e passar mais tempo a sorrir e menos tempo a cerrar os dentes e os punhos. Quem me dera que alguém pudesse ensinar-me a ser criança outra vez para ter tempo para brincar mais e pensar menos e por isso ser menos velha por dentro. Quem me dera que a vida me fosse mais leve. Quem me dera. Quem?
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