Gosto mais de umas palavras que de outras. Umas pelo significado, outras pelo som. Perguntas-me de que palavras gosto mais e eu digo-te que gosto da palavra tempo, porque me lembra o som dos sinos que tocam. Sempre gostei do som dos sinos, sobretudo desde que comecei a viajar para outros países e a ouvi-los com a atenção particular dos viajantes pelo novo, pelo distante. Para ti o tempo tem o som do bater de um coração: tem-po, tem-po, tem-po, dizes-me. Encosto a cabeça ao teu peito. A partir deste momento, o som do tempo mudou para sempre.
25 de setembro de 2010
16 de setembro de 2010
Folhas de Outono
Mal ou bem, com as folhas do Outono há sempre coisas boas a entrar na minha vida. É por isso que anseio sempre um pouco a sua chegada. Num dos primeiros dias de Outono do ano passado, ao passar numa rua do meu bairro, percebi que as folhas das árvores tinham começado a ficar amarelas. Então olhei para cima e, nesse preciso instante, uma delas soltou-se e caiu lentamente, ondulando com o vento, até eu esticar a mão e a apanhar com cuidado. Guardei-a na mala e tive-a em cima do móvel do hall até há pouco tempo. Espero poder substituí-la em breve.
14 de setembro de 2010
Regresso a casa
Lentamente, faço as pazes com a cidade que me adoptou. Começo a levar-me menos a sério e, por isso, a deixar-me levar pela vida. Encontro uma muito ansiada espécie de paz. O sol já não me cansa da mesma maneira, embora o meu corpo mole anseie a frescura do Outono, se não mesmo o frio do Inverno. Agora já me apetece outra vez ler romances tristes e profundos, com cenários bucólicos e personagens silenciosos e distantes. As suas dores já não me agridem e já não preciso do calor dos outros para me esquecer de mim. Um dia ainda hei-de perceber porque é que, ao contrário de quase toda a gente, me sinto feliz com a proximidade do Outono. Porque é que só tenho forças para me enfrentar quando a natureza começa a morrer devagarinho e anoitece cada vez mais cedo. Se eu não tivesse feito as pazes com esta cidade, tentava emigrar para uma terra fria com neve e com alces. Ainda um dia hei-de ansiar o Verão como quem deseja uma boca quente e húmida para beijar.
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