29 de novembro de 2009

26 de novembro de 2009

Fermento

Fiz uma pequena grande viagem de três dias ao redor de momentos em que me encontrei como nunca me lembro de me ter encontrado. Demoro agora mais tempo a perceber coisas que sinto. Sei que o poder de me abrir ao mundo é meu mas não me sinto já dona do meu destino por saber que me posso espalhar por aí como a chuva num pequeno Inverno viajante. Alguém me dá a mão e me guia os passos trémulos até ao cimo das nuvens. Se não fosse essa mão e essa voz, nunca teria coragem de procurar coisas tão belas e tão grandes e que coubessem assim numa mãozinha fechada de horas. Sei-lhe agora melhor o olhar triste, adivinho-lhe os espinhos na alma, as dúvidas, as horas difíceis. Dentro do meu peito, volto a agradecer-lhe. Desta vez com muito mais certezas acerca de muito mais coisas e, sobretudo, de mim. Com a cabeça encostada à janela de um avião, olho para baixo e vejo montanhas cobertas de neve, campos verdes, árvores, lagos, algumas nuvens. De repente, percebo que já não tenho medo de me ir embora. Que a viagem maior de todas vale a pena por haver montanhas cobertas de neve e campos e árvores e lagos. Nada disto pode estar aqui por acaso. Eu não posso estar aqui por acaso. As palavras que aprendo e que me guiam não posso tê-las ouvido por acaso. Aprendo que a verdadeira felicidade não está no que tiro dos outros mas de mim própria. Sinto-me a crescer por dentro como a massa do pão que a minha avó benzia em cruz antes de por a levedar.

19 de novembro de 2009

Wovenhand em Salzburgo!!!!!!!


Nem acredito que estou quase a ver este senhor ao vivo e a cores outra vez.

Erlend Oye

Nunca pensei que podia achar tanta piada a um tipo tão teen-ager tão cenoura e tão caixa de óculos.



17 de novembro de 2009

9 de novembro de 2009

Cântico Negro

Tudo à minha volta padece de males de amor, tudo se ressente de discussões, desilusões, separações, saudades, ausências... Reciclamos. Revivemos. Reinventamos paixões. Sempre à espera de encontrar uma coisa qualquer, a tal da metade cujo sonho nos venderam ou, na falta dela, alguém que seja o mais parecido possível (pode ser que ninguém note a diferença). E para aqui vamos fingindo que somos modernos e independentes, que podemos ter relações umas a seguir às outras e seguir em frente sem sofrer nenhum arranhão. Que podemos continuar todos a ser amigos e a beber copos à esquina como se os sentimentos fossem e viessem ao ritmo das estações do ano, repetidos, idênticos, sem deixar marcas para o ano seguinte. Ironicamente, até as estações do ano agora deitam abaixo os castelos, porque já não há nuvens, só calor e secura fora de época. As sementes não germinam debaixo da terra. Secam e perdem-se para sempre. E eu vou-me apaixonando por coisas, figuras, músicas, filmes, actores e actrizes, músicos e cantores, pessoas que invento, retalhos deste e daquele e de mim para me manter viva e não enlouquecer. Nas histórias que me contavam, as mulheres casavam virgens e era para toda a vida. O almoço e o jantar estavam na mesa a horas certas, a roupa cheirava sempre bem e suportavam-se coisas com um estoicismo quase genético, sem questionar o sentido daquilo tudo. Cresci assim, rodeada de coisas antigas, no meio de um caos sólido e austero contra o qual comecei a revoltar-me muito cedo. Tive sempre vontade de ser livre e independente, acima de qualquer outra coisa. E sou. Livre. Independente. É muito fácil saber-se o que não se quer, difícil é o resto.