15 de julho de 2008



O sentido maior de todas as coisas. Nos últimos dias as dúvidas todas, as clássicas, juntaram-se na minha cabeça. Quando estou assim parece que há qualquer coisa que muda e acontecem coisas diferentes. Os sentimentos esticam-se. Os fios entrelaçam-se todos, formam um tecido que me enrola.
Lembro-me de acordar de manhã e olhar tudo à minha volta com a estranheza de quem não compreende como aterrou aqui, como se tivesse viajado no tempo e no espaço e não fizesse parte, de facto, desta era em que andamos para lá e para cá de carro e a falar ao telemóvel, como se tudo estivesse em suspenso para além de mim e eu pudesse pensar a realidade a partir de fora. Penso no tempo da terra. Não sinto o tempo da minha vida mas o tempo das coisas todas, o tempo do universo. Pergunto-me se o que podemos ter ganho supera tudo o que temos vindo a perder... Esta sensação é-me surpreendentemente dolorosa, desperta todas as minhas solidões adormecidas, domesticadas, aperta-me o pescoço até as lágrimas começarem a cair-me em silêncio. O meu corpo muda, fraqueja, não consigo fazer com que ele acompanhe a velocidade dos meus pensamentos. Permaneço demasiado tempo à espera de revelações, de explicações.
Quando chego aqui tento perceber o que me trouxe de volta à nuvem cinzenta das indefinições. Desta vez não é difícil. Nos últimos meses esqueci-me de mim e da minha vida e entreguei-me à loucura selvagem do trabalho de sol a sol. Tanto Verão para viver e eu para aqui a gastar os dias e as noites entre sufocos condicionantes de alcatifas e ares condicionados... É tempo de mudar.

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